sexta-feira, 23 de abril de 2010

DEFICIÊNCIA E HOMOSSEXUALIDADE



A reflexão que se impõe

Ser minoria dentro da própria minoria. Assim vivem milhares de pessoas no mundo e em Portugal. Eles são deficientes físicos que se sentem atraídos por pessoas do mesmo sexo.
Some o preconceito para com a homossexualidade ao preconceito para com o deficiente físico. Agora, multiplique pelo que ele sofre dentro da própria comunidade homossexual. Como suportar tanta hostilidade?
Com paciência e perseverança, dádivas que encontramos em abundância em quem tem necessidades especiais.
Já reparou que os bares e discotecas frequentados por homossexuais não tem estrutura para receber quem necessita, por exemplo, de cadeira de rodas?
Aliás, com sinceridade, até hoje você já tinha pensado que existem deficientes físicos homossexuais e que eles enfrentam todo o tipo de contratempos na ânsia de encontrarem o seu grande amor?
É pública e notória a tendência de alguns dos homossexuais, principalmente masculinos, em cultivarem o corpo perfeito (como se isso fosse o mais importante no ser humano!). Isso exclui à partida quem precisa, por exemplo, de cadeira de rodas para se locomover.
Vendo por este ângulo, quem é o verdadeiro deficiente? Os que vazios de conceitos cultivam arduamente o corpo, como se a «embalagem» é que realmente importasse, ou aqueles cuja beleza física fica pálida diante da luz que emana das suas almas cansadas de tanto sofrimento?
Não podemos também esquecer que «às pessoas portadoras de deficiências, assiste o direito, inerente a todo a qualquer ser humano, de ser respeitado, sejam quais forem os seus antecedentes, natureza e severidade da sua deficiência. Elas têm os mesmos direitos que os outros indivíduos da mesma idade, facto que implica desfrutar de vida decente, tão normal quanto possível».
O grau de dificuldade na conquista de um companheiro, depende muito de como a pessoa deficiente, encara a deficiência, se tem muitos preconceitos em relação a ela mesma, se se aceita, se gosta de si mesma. Outros pontos externos também valem muito: se estuda ou estudou, se trabalha, se consegue ganhar dinheiro, se pode comprar as coisas de que precisa, se consegue sustentar-se e satisfazer as suas necessidades diárias, sem muita dependência de outras pessoas. Tudo isto conduz a um maior bem-estar pessoal, a uma melhor posição perante a vida e a uma maior alegria de viver.
Curiosidade, repulsa, pena, atracção são coisas que têm muito impacto no primeiro momento, mas só conquistamos o outro com o tempo, convivendo. Existem pessoas que olham o deficiente e sempre terão dó; outras que sentem a maior atracção; outras ainda têm grande curiosidade, ou querem conhecer melhor, porque o acham bonito, brincalhão, interessante... e assim começa um relacionamento.
Quanto mais o deficiente homossexual se mostrar mais vai observando se tem chances ou não, e assim, as pessoas que os aceitam vão-se aproximando e as que não aceitam vão-se distanciando.
É claro que existe preconceito dentro e fora da comunidade homossexual. Na comunidade homossexual, em larga medida parece que nos preocupamos em viver para o momento, como se o amanhã não existisse; temos muita preocupação (ou talvez não!) pelos doentes com SIDA, mas esquecemo-nos dos homossexuais com deficiência. Muitos homossexuais passam pela vida de forma fútil valorando os corpos, as roupas, as relações fugazes. Mas quando se é um homossexual com alguma deficiência, já não se tem "aquele toque". Quantos homossexuais com deficiência se sentem como se não pertencessem ali?
E afinal que nos pedem os homossexuais com deficiência? Que procuram? O mesmo que nós todos: SEREM FELIZES E ACEITES POR AQUILO QUE SÃO E VALEM!

Fonte: http://aphm.no.sapo.pt/deficiencia/deficiencia.html

Phoenix:
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Aos 19 anos tive uma lesão medular, como a maioria das pessoas que tem uma deficiência adquirida deste tipo. Passei com isso a me locomover usando cadeiras de rodas e a lidar com as conseqüências desse tipo de lesão (diminuição da sensibilidade e dos movimentos
voluntários, etc.).

Antes da deficiência já tinha me relacionado afetivamente e sexualmente com algumas pessoas, ou seja, já havia tido namorados.
Mas após esse acontecimento, muita coisa mudou em minha vida. Tornar-se deficiente é algo difícil, pois para mim foi um momento de reaprender tudo novamente, desde como me vestir, tomar banho sozinha, fazer xixi, cuidar de minha higiene pessoal, até dirigir um carro, como me relacionar com as pessoas, estudar, passear, arrumar um trabalho, estar no mundo novamente, conquistar as coisas que eu queria.

Conhecer a mim mesma, meu lado psicológico, como reajo às coisas, conhecer meu corpo, que aparentemente era novo, diferente, e passar a gostar de mim, de como eu faço as coisas, enfim, de tudo é algo que senti necessidade, vivenciei, descobri e até aprendi e aprendo todo dia, com o tempo, ou seja, vivendo, estando no mundo, fazendo coisas, convivendo e trocando experiências com quem passa ou já passou por isso.

É claro que tem dias que acordo, me olho no espelho, e falo pra mim mesma, como estou feia hoje, ou então, eu me odeio, queria ser diferente. Tenho
dias de tristezas e alegrias como todo mundo, isto não é pq eu tenho uma deficiência.

Já me relacionei com outras pessoas tb deficientes, eram rapazes, o que facilitava algumas coisas, como a aceitação da família.

Só me relacionei com mulheres depois dos 25 anos, não sei bem ao certo o porque, muito provavelmente pelo fato da sociedade ser preconceituosa com os homossexuais e bissexuais, o que faz com que a maioria das vezes ou nos escondamos, ou nos policiamos e nos proibimos, o que nos impede de viver algumas experiências, paixões, momentos de afetividade e carinho com algumas pessoas por quem nos envolvemos e que é do mesmo sexo.

Eu diria que para as pessoas portadoras de deficiência, e no meu caso, com dificuldade de locomoção é mais fácil arrumarmos namoradas(os) com pessoas mais próximas, onde estamos, e por isso, os nossos primeiros relacionamentos após a deficiência é sempre ou com a terapeuta ocupacional, ou com a fisioterapeuta, ou com a professora de educação física, que muitas vezes é homossexual tb.

Pois o que atrapalha muito o estar com as pessoas, passear, ir aos bares e boates qdo se quer, não é só o fato do deficiente ter vergonha de si (não conheço ninguém que tenha), ou o fato dele não estar pronto para a vida em público ou temer sair de casa, pois isto não existe, não é ele que não está pronto para o mundo, mas principalmente a sociedade que é repleta de barreiras arquitetônicas que atrapalham e dificultam chegarmos até os lugares e assim participarmos em iguais condições.

Essa é uma das grandes dificuldades que encontramos, quero ir a boate ou a um bar com minha namorada mas estes lugares tem escadas ou degraus que vão atrapalhar a minha passagem com a cadeira de rodas, terei que ser carregada para subir as escadas e minha namorada não consegue me carregar sozinha, quero viajar e o hotel não tem quartos adaptados, ou ao cinema, ao shopping.

Estes são alguma das coisas que atrapalham e tenho que sempre estar
observando para não me estressar, ou seja, lugares para eu sair que não tenha limitações ou impedimentos para a cadeira de rodas.

Voltando a questão se é difícil conquistar alguém sendo deficiente. Eu diria que depende muito de como a gente, deficiente, encara a deficiência, se tenho muitos preconceitos com relação a mim mesma, se
me aceito, se me gosto, e os outros pontos externos tb valem muito, se
estudo ou estudei, se trabalho, se consigo ganhar dinheiro, se posso
comprar as coisas de que preciso, se consigo me manter e satisfazer minhas necessidades diárias, sem muita dependência de outras pessoas.

Curiosidade, repulsa, pena, atração são coisas que tem muito impacto no primeiro momento, mas só conquistamos depois com o tempo, convivendo. Existem pessoas que te olham e sempre terão dó, outras
que sentem a maior atração, como é o caso dos devotees (pessoas que tem atração e gostam de transar com pessoas deficientes, eu não saberia dizer se a atração é pela deficiência ou pela pessoa com deficiência, talvez tenha dos dois tipos), outras ainda tem grande curiosidade, ou querem te conhecer, te achou bonita, legal, interessante, e assim começa o relacionamento.

Atualmente não estou namorando e até já levei uns dois foras este ano, seja pq não bateu, seja pq as pessoas tem muito medo de se envolver sendo o outro deficiente ou não, eu diria que é o medo do desconhecido,
qdo a pessoa está preparada para arriscar ela arrisca, qdo não está, se acovarda e parte pra outra.

Mas comecei a me relacionar com pessoas próximas tb, ou seja, no meu caso não foi diferente, aos 25 anos me apaixonei pela técnica de basquete sobre rodas masculino, nem meu time era, mas convivíamos
e nos encontrávamos regularmente, mas ficamos só no flerte e na paquera, pois ela havia se envolvido com outra pessoa que trabalhava
com ela. Após isto me apaixonei por outra, e ela por mim. Trocamos muitas coisas, mas tb terminou.

Já conheci pessoas pela Internet, pois gosto de computadores e grupos de trocas e discussão, chats, orkut. Já tive duas namoradas que conheci pela Internet.

Eu diria que nos lugares onde conseguimos chegar, onde conhecemos pessoas, trocamos afetos, idéias, particularidades, opiniões sobre
o mundo e intimidades, é onde fazemos nosso mundo e temos mais
chance de conhecer e de nos envolvermos com alguém, transar, namorar,
casar, essas coisas.

Quanto mais nos mostramos mais vamos observando se temos chances ou não, e assim, as pessoas que nos aceitam vão se aproximando, qdo damos chance, e as que não aceitam vão se distanciando.

Meu namoro mais longo durou dois anos e meio, nossas dificuldades eram a distância, pois não morávamos na mesma cidade, era tb de escolher lugares sem barreiras arquitetônicas que dificultassem
nossos passeios, era de estar junto qdo quiséssemos, nem sempre
podíamos. Tive um amigo que era casado tb paraplégico que depois de um tempo a esposa dele começou a reclamar da posição dele, qdo eles transavam, pois ele ficava por baixo, o que facilitava pra ele a ereção, e ela queria que ele ficasse por cima. Essas coisas de posição na cama tem sempre que combinar e não ter medo de experimentar ou dar vexame de vez em quando.

Com relação ao preconceito... É claro que existe preconceito dentro e fora da comunidade homossexual.Tive uma namorada que me contou que as amigas dela qdo souberam do nosso namoro a encheu de perguntas do tipo: O que vc vai fazer com uma pessoa dessas?
Como vc vai fazer qdo vc quiser andar de bicicleta e ela não pode?
O que vc quer pra sua vida? Já pensou em seu futuro?

Sempre achei estranha essas perguntas. São perguntas que as pessoas
nunca tiveram coragem de fazer pra mim. O preconceito geralmente hoje
em dia não é direto, é mais dissimulado. Embora com "deficientes" com
personalidades mais fortes e mais seguras de si as pessoas não
chegam e falam qualquer coisa, o que quiserem, o respeito é maior.

Embora a pergunta mais comum, o que acho ótimo, e talvez a que eu aceite mais, pois não a vejo como preconceituosa é: Como vcs transam?

Esse tipo de curiosidade eu vejo como mais normal, comum, e todos temos curiosidades para conhecer novas formas de dar e receber prazer.

Malu tem 35 anos, é sociólogo e sofre de paraplegia (lesão medular C7)

fonte: http://www.sobreelas.com.br/parla.asp?dismode=article&artid=344

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